domingo, 22 de novembro de 2009

Campanha SOS Cagarro 2009

Terminou dia 15 de Novembro mais uma Campanha SOS Cagarro. Como acontece anualmente, desde meados dos anos 90, são salvas nos Açores milhares de aves por iniciativa voluntária dos Açorianos. É importante salvar cagarros porque, na primeira saída do ninho, estas jovens aves são especialmente susceptíveis à iluminação pública e aos faróis dos automóveis.

Mais de mil açorianos dedicam-se, durante 46 noites, a pegar cuidadosamente nos cagarros (cuidado, os cagarros têm um bico poderoso) e a colocá-los a salvo, na manhã seguinte, junto ao mar, evitando que morram atropelados.

Por exemplo, em São Miguel, os Amigos dos Açores e os Amigos do Calhau conseguiram manter em permanência 20 pessoas a participar nas Brigadas Nocturnas. Talvez por esse facto, este ano, a ilha passou a ser a segunda em número de salvamentos, logo a seguir a São Jorge.

Na ilha conhecida pelo excelente queijo, este ano recuperaram-se mais de oitocentos cagarros, o que, apesar de ser um número muito elevado, não se compara com os 1400 que foram salvos, no ano passado, no Pico. No entanto, tirando as ilhas Terceira, Graciosa, Santa Maria e Flores, onde há um nítida oportunidade de crescimento para a Campanha SOS Cagarro, todas as ilhas demonstraram uma óptima e organizada actividade.

Na Ilha do Corvo, salvaram-se mais de 300 cagarros, dos quais foram anilhados mais de metade. Com este esforço, daqui a uns anos, quando estes animais voltarem a terra, será possível verificar onde nasceram e indiciar o tempo que levaram a regressar a terra.

Na Ilha do Faial, onde mais cagarros se anilham, há uma Brigada de freguesia. Em Castelo Branco, os Vigilantes da Natureza sabem que não se têm de preocupar em salvar cagarros. Fazendo vigilância ao aeroporto e zonas circundantes, os albicastrenses do Faial tomam conta desta unidade geográfica.

A Campanha SOS Cagarro movimentou este ano mais de cem entidades, mais de um milhar de pessoas e foram salvos 3744 cagarros. Este número não é proporcional ao esforço colocado na estrada. No entanto, garantiu um número muito reduzido de aves mortas pelos carros. Este aparente paradoxo entre o menor número de aves salvas e a maior mobilização dos açorianos parece ficar a dever-se a diversos factores. O primeiro, e aparentemente mais importante, foi o bom estado do tempo. A falta de nevoeiros e ventos fortes permitiu uma navegação aérea mais segura. No entanto, factores como menor índice de nidificação, menor iluminação pública (houve alguns portos, aeroportos e jardins que reduziram a iluminação durante a Campanha) e menor sucesso reprodutor podem também ter contribuído para a redução do número de aves encontradas e, consequentemente, salvas. Por estas razões, para além da manutenção da Campanha SOS Cagarro em todas as suas vertentes, é essencial promover as acções complementares como a erradicação de flora e fauna invasora e a intensificação do número e eficiência das áreas marinhas e costeiras protegidas.

É sempre bom saber o que temos a fazer!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Adiaspora.com

Por gentil convite do seu director, o Sr. José Ilídio Ferreira, participei como orador nas celebrações do VIII aniversário do Adiaspora.com. Este sítio internet tem-se imposto como um local de excelência para a divulgação de informações sobre a diáspora Lusa. Com particular ênfase nas comunidades canadianas e norte-americanas de origem açoriana, o sítio tentará nos próximos anos atingir novas comunidades. Nesse sentido, para além da abertura do próprio sítio, foi realizada uma enorme viagem promocional pela América central e do Sul. As inúmeras aventuras com que os participantes se cruzaram estão relatadas online, mas, o resultado final é que há agora cerca de 3500 visitantes diários que se aventuram pelo sítio. Dados os resultados, já está em preparação uma segunda mega viagem, agora, possivelmente, com uma expressão mais euro-asiática.

Não sendo uma panaceia para resolver todos os problemas das comunidades lusas, o Adiaspora.com dá um bom contributo para ajudar a “encurtar” a distância e a minorar a saudade.

Durante os dois dias de celebrações, que este ano decorreram em East Providence, nos Estados Unidos da América, pude constatar que, sem qualquer dúvida, dos mais puros açorianos que existem são os que estão emigrados. Muitos deles, sem qualquer outra razão para além do amor aos Açores, empenham-se em discussões metafísicas sobre aquelas ilhas que lá estão no meio do Atlântico. Seja através da RTP Açores, RTP Internacional, SIC Internacional, dos diferentes jornais locais ou através das notícias enviadas pela família, estão claramente informados e exigem contribuir para o debelar das mais diversas situações. Longe das conversas ficarem limitadas ao futebol ou ao cancenotista da moda, perguntam detalhes sobre as autarquias açorianas, desde os seus dirigentes até às obras feitas… ou por fazer. A comunidade com que interagi, desde New Bedford até East Providence, passando pela inevitável Fall River, fala dos Açores com uma paixão que raramente vejo no próprio arquipélago.

No próximo ano, o aniversário de Adiaspora.com regressará aos Açores, às Lajes do Pico, e depois partirá novamente para o estrangeiro, agora com uma paragem por terras inglesas. Como sabemos, os Açores e os açorianos não têm uma população evidente nesse país. Esse facto, obrigará a Adiaspora.com a emancipar-se dos Açores e a ganhar a expressão plural que a comunidade Lusa tem pelo mundo. Metendo-me a adivinhar, penso que faria sentido haver colaborações mais enérgicas da África do Sul, Timor-Leste, França, Macau e… Goa. Em todos esses locais há portugueses sejam eles cidadãos nacionais ou apenas apaixonados e, pelo que vi nos Estados Unidos, a portugalidade de Portugal está longe de estar limitada ao rectângulo e ilhas adjacentes. Portugal, nunca pensei escrever isto com verdadeiro orgulho, tem o tamanho do mundo!