quinta-feira, 3 de maio de 2007

A minha primeira regata

Quando as vagas têm quatro metros de altura, o vento mais de vinte nós e o meteorologista continua a insistir que o tempo está óptimo para um passeio marítimo é porque, das duas uma: ou temos um departamento de previsões louco ou o homem do tempo é um amante dos desportos radicais. Foi neste contexto que me encontrei no meio da minha primeira regata. Felizmente para a minha aventura debutante, o veleiro era seguríssimo e, assim, mesmo apesar de todas as asneiras que eu em conjunto com o skipper (um advogado americano recém-reformado) e o resto da tripulação fomos fazendo, não deixámos de desfrutar da natureza em estado puro. Colocámos o sistema de som no máximo e o Beethoven espalhou a sua nona até aos restantes concorrentes. Não fosse termos feito um inesperado e, pior, involuntário, 360º, até poderia parecer que percebíamos da coisa… De facto, não. No entanto, fartámo-nos de divertir e a amizade inter-continental resistiu àquele mau tempo e a outros tempos que se seguiram.

O mundo natural tem todos os encantos, cabe-nos encontrar as formas de, na segurança possível, usufruirmos dele em toda a sua plenitude. Não será, certamente, em casa, em frente ao televisor, à playstation ou no chat-room que iremos encontrar os prazeres do mundo natural. Para usufruir das imensas coisas belas e intensas que a natureza tem para nos dar é preciso dar aquele primeiro e importante passo. Agir!

Os que participam na Atlantis Cup agem, claro está. E podem ter um importante papel na mudança de comportamentos tão necessária para o acordar da nova geração. Muitos dos nossos jovens estão adormecidos, levantando-se ocasionalmente para ir às aulas ou para dar um muito excepcional passo de dança. Os velejadores podem engrossar a fileira da luta na frente da batalha pela participação e ajudar a, “heresia!”, apagar os televisores.

No dia a seguir à regata Horta-Velas-Horta com que me estreei no mundo da vela de cruzeiro, estava constipado, dorido e cansado, mas feliz. Apetece-me sacudir todos os que ainda não tiveram a oportunidade ou o desejo de velejar. Gostava de os conseguir incentivar para participarem numa regata e, de preferência, nos Açores.

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