quinta-feira, 26 de agosto de 2004

Redes de Excelência

As Redes de Excelência nasceram fruto do estímulo financeiro dado pelo VI Programa Quadro da União Europeia. Estas estruturas virtuais têm como objectivo unir as melhores instituições de investigação científica da Europa em cada área e em torno de objectivos úteis. A instituição para que trabalho, o Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores (DOP), pertence à Rede de Excelência para o Estudo da Biodiversidade e Funcionamento dos Ecossitemas Marinhos (cujo o acrónimo em inglês é MARBEF). Tal como se lê na mensagem do coordenador geral Carlo Heip na página internet do MARBEF (http://www.marbef.org) o objectivo desta rede é concertar esforços entre cientistas e instituições por forma a criar um instituto virtual de dimensão europeia que proceda a investigação a longo prazo, com ligações à indústria e ao público em geral. Para além da coordenação da investigação, este processo envolverá o treino, troca de experiências e a divulgação das actividades nos diversos temas científicos incluindo ecologia marinha e biogeoquímica, biologia pesqueira, taxonomia e ciências sócio-económicas. Tudo isto sob o patrocínio da União Europeia para que, em permanência, a Comissão, os Estados membros e os Estados associados possam ter uma melhor integração dos estudos científicos por forma a responder aos desafios que são emanados da Convenção para a Diversidade Biológica, Convenções OSPAR e Barcelona e Directivas Aves, Habitats e da Água. Para além disso é objectivo da rede MARBEF dar apoio ao desenvolvimento sustentável de empresas que se baseiem na exploração dabiodiversidade marinha, como o turismo, as pescas, a aquacultura e um sem número de indústrias que recorram à exploração biotecnológica de produtos marinhos.

A nível nacional, entre os 56 parceiros do MARBEF e para além do IMAR-DOP, também o CIMAR faz parte desta Rede de Excelência. Curiosamente, ambas estas instituições fazem também parte de dois dos 15 Laboratórios Associados reconhecidos pela Fundação para a Ciência e Tecnologia de Portugal (FCT). Com os Laboratórios Associados a FCT pretende reforçar as instituições de investigação científica e tecnológica visando vencer o atraso científico, expandir a produção científica, o desenvolvimento tecnológico e a inovação. No total, em Portugal, os Laboratórios Associados integram 800 doutorados e mais de 2200 investigadores. Segundo os dados da FCT, o investimento previsto para estes Laboratórios ascende a 238 milhões de Euros em 10 anos. O DOP, em conjunto com o ISR, CREMINER e IN+ fazem parte do Laboratório Associado do Instituto de Sistemas e Robótica e o CIMAR aglutina o CIIMAR-Porto e CCMAR-Algarve noutro Laboratório Associado.

Algumas destas instituições, como é o caso do DOP e a maioria das Universidades Portuguesas que estudam o mar, estão unidas a um outro nível através de um Instituto de Investigação muito particular, o Instituto do Mar (IMAR).

O exposto enfatiza que realmente os cientistas estão a criar as parcerias e as redes necessárias para que possam adequadamente proceder à sua investigação. Através destas estruturas partilham equipamentos, recursos financeiros (que normalmente são escassos) e experiência.

Recentemente estive envolvido, em representação do meu Director, Ricardo Serrão Santos, numa reunião da Rede MARBEF. Aí pude compreender o alcance e a importância deste tipo de estruturas. De facto, ter perto de nós os melhores da Europa em cada especialidade dá uma projecção muito particular à nossa imaginação. Tudo o que dizemos é imediatamente esquadrinhado e purgado à luz dos mais avançados estudos científicos. De facto, esta conjunção entre a diversidade cultural da Europa e o esforço para agir em rede poderá ter resultados muito interessantes. Dêem-nos apenas tempo.


Publicado na coluna "Casa-Alugada"